quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Encontro Oposto

  Mossoró receberá sexta-feira o Espetáculo Encontro Oposto.  A apresentação será no Teatro Municipal Dix-huit Rosado e contempla uma temporada de circulação nacional que irá passar por mais dois estados.


As borboletas desenhadas no programa são uma pista de que Encontro oposto – Três movimentos em um ato fala sobre transformação. As cores rosa e azul da programação visual em duas "portas" interligadas para um terceiro caminho são outro indício da metáfora do casulo. Mudanças na sociedade e na forma como encaramos o direito à diversidade sexual, a luta contra o preconceito, estão revelados no espetáculo.

"Sempre estive preocupado e disposto em atingir o que me proponho enquanto arte, privilegiando a qualidade do trabalho. É muito importante poder discutir um tema tão atual através da dança, justo agora que o Brasil debate até mesmo a adoção de filhos por casais homossexuais. Por isso também coloquei um trecho da Declaração Universal de Direitos Humanos, que fala que todas as pessoas nascem livres e iguais, no programa do espetáculo", argumenta Ivaldo.

Ao traduzir para os movimentos da dança contemporânea a temática da homossexualidade, das diferenças entre os gêneros e suas diferentes camadas, Ivaldo Mendonça optou por criar três duos. Ele aparece em momentos distintos, embora conectados, dividindo o palco com as bailarinas Janaína Gomes, Juliana Siqueira e Roberta Cunha. 

A coreografia mergulha no processo de descoberta, camuflagem e aceitação da sexualidade e vai sendo exposta em camadas, por um homem que é representado por Ivaldo, mas pode simbolizar outras personalidades e indivíduos, pois não se trata de um espetáculo biográfico, muito menos cronológico. Até mesmo a questão da violência é trazida para o palco, perto do desfecho do espetáculo, que tem cerca de 50 minutos de duração. Os figurinos são de Maria Agrelli, a iluminação, de Luciana Raposo e a trilha sonora, de Júlio Moraes.

"Nunca precisei ter uma namorada para dar satisfação à sociedade, mas tive amigos que enfrentaram este tipo de situação", pontua o artista, que assumiu ser gay desde os 17 anos e hoje beira os 40 com total apoio da família, na qual tem sete irmãs e mais um irmão, além de 10 sobrinhos e dois sobrinhos-netos. "Sempre fui muito protegido por eles. E por incrível que pareça, em meu ciclo de amizades, a maioria das pessoas é hetero, embora frequente baladas gays", conta Ivaldo.

Encontro oposto partiu de uma pesquisa de movimento anterior de Ivaldo, que estreou em 2010, no projeto O solo do outro, do Centro Apolo-Hermilo. Na época, participavam apenas o coreógrafo e a bailarina Janaína Gomes.

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