quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Preconceito

Um preconceito difícil de acabar. Entidades representativas em defesa dos homossexuais denunciam que a homofobia está vitimando muitos gays e lésbicas aqui no Rio Grande do Norte. Só em 2011, de acordo com uma associação LGBT, nove pessoas já foram mortas no estado por conta dessa intolerância contra os homossexuais. Foram oito vítimas em Natal e uma em São Gonçalo do Amarante.

Foi só assumir a orientação sexual, pra aparecer o preconceito e aquelas piadas de mal gosto pelas ruas.

– Eu sou agente de saúde, estava fazendo minhas visitas e numa dessas visitas que eu tenho que passar por esse local comercial fui motivo de chacota, os rapazes começaram a soltar piada, me chamando de bichinha e outros tipos de palavras – conta Mibsan Oliveira, agente de saúde.

A agressão verbal sofrida por Mibsan veio até de onde ele menos esperava.

– Antes de eu ser agente de saúde , eu passei por uma escola sendo professor contratado, quando eu cheguei na sala o professor anteriormente a mim entrou e resolveu falar para os alunos que achava um absurdo a diretora ter convidado, colocado uma bicha para dar aula - lembra Mibsan Oliveira.

Naelson também já foi vítima de agressão por conta da orientação sexual. A diferença é que no caso dele, o ataque não se resumiu a palavras apenas.

– Fui agredido fisicamente por um companheiro. Ele passou a me espancar , me espancou até eu chegar a pegar três pontos no meu rosto - diz Naelson Alves, agente de endemias.

Esses dois casos são exemplos de como a sociedade potiguar ainda é intolerante a diversidade sexual. De acordo com este ativista, que hoje integra várias entidades em defesa dos homossexuais, as famílias dizem que estão mais abertas e dispostas a respeitar os gays, lésbicas, os travestis, mas tudo isso, segundo ele, ainda é uma mera ilusão, muitas pessoas querem ver os homossexuais bem longe do meio social.

– Eu costumo dizer que o crime é o mais dolorido de todas as minorias, porque quando um negro é agredido na rua, quando ele chega no seu lar ele é acolhido no seio da sua família e infelizmente nem todos nós gays, lésbicas temos essa mesma sorte. Quando você é agredido na rua e chega em casa você tem que esconde porque se você contar, os seus pais na maioria das vezes vão lhe agredir novamente, eles disse se for gay manda virar homem, como se nós tivéssemos opção de escolher - relata Eurean Leite ,ativista .

Essa semana um caso de agressão contra um homossexual chocou os mossoroenses. Um rapaz, de 23 anos, foi atacado a pedradas num descampado da cidade. A vítima, que teve afundamento craniano, está internado no Hospital Tarcísio Maia onde já passou por três cirurgias. O estado dele até o momento é estável.

A polícia não tem dados oficiais sobre a quantidade de crimes de homofobia no estado. Hoje são os próprios grupos de Gays, Lésbicas e Simpatizantes que fazem esse levantamento. Segundo a Artpoty, que é uma associação LGBT potiguar, só esse ano, 9 homossexuais foram mortos aqui no Rio Grande do Norte, sendo 8 em Natal e 1 em São Gonçalo do Amarante. Em todos os casos, as vítimas foram assassinadas com requintes de crueldade.

Em nível regional, hoje o Rio Grande do Norte só fica atrás da Paraíba quando o assunto é morte violenta de homossexuais, de acordo com a Artpoty. É devido a essas estatísticas que o Nordeste é apontado como a região mais homofóbica do país concentrando mais de 40% dos assassinatos de gays, lésbicas, travestis.

Pra frear os ataques homofóbicos, os ativistas das entidades LGBT cobram punição para os criminosos. No estado, hoje já existe a lei 9.036 em vigor desde 2007, que criminaliza toda violência contra homossexuais, bissexuais, travestis e transgêneros.

– Eu espero que Mossoró assim como o Brasil inteiro consiga dar resposta , porque nós somos membros da mesma comunidade humana e merecemos respeito igual a todo mundo - diz Eurean Leite.

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