Há dez anos sem abrir satisfatoriamente seu acervo, o Museu Lauro da Escóssia será ponto de partida da I Caminhada Histórica de Mossoró, dia 26, às 17h, percorrendo 2 km até chegar à Estação das Artes Elizeu Ventania. Serão 17 monumentos visitados e os participantes terão oportunidade de conhecer um pouco acerca dos lugares, praças e logradouros importantes do município.
De acordo com o pesquisador Geraldo Maia, responsável pela pesquisa histórica dos lugares que serão visitados, a ideia de fazer uma caminhada foi do presidente da Câmara Municipal de Mossoró, vereador Francisco José Júnior, baseando-se em eventos semelhantes que se realizam em vários municípios brasileiros, inclusive em Natal, onde a caminhada já acontece há cinco anos. "Foi o próprio Francisco José que me telefonou, acho que no fim do ano passado, explicando o projeto e me pedindo para traçar um roteiro e descrever os monumentos que encontraríamos neste percurso e assim fiz. Soube depois, pelo próprio Francisco José, que o roteiro tinha sido enviado para a empresa em Natal, responsável pela organização dos passeios de lá. Já este ano, acho que no início de abril, recebi outro telefonema de Francisco José me pedindo para incluir outros pontos como a Câmara Municipal e a Prefeitura de Mossoró, que não tinham sido incluídos no primeiro momento. Essa foi, portanto, minha participação", diz.
Ele acrescenta que o mapeamento se deu dentro de um roteiro lógico. "Por se tratar de uma caminhada, ele não podia ser muito longo. Tivemos que adequar o roteiro de modo a contemplar o maior número de monumentos num curto trecho que não ultrapassasse 2 km", explica.
Alguns prédios que farão parte do roteiro são novos e, para o pesquisador, a caminhada também é uma forma de demarcar estas edificações importantes para o cenário cultural. "O Teatro Dix-huit Rosado e o Memorial da Resistência estão entre esses prédios novos do roteiro. E estes espaços se tornaram referência no cenário cultural do município", salienta, ressaltando que o conhecimento da história - em todos os tempos - é fundamental para a formação da cidadania. "É através do conhecimento histórico que podemos entender quais foram os caminhos percorridos para se chegar ao que somos hoje. Sabemos, porém, que, em alguns casos, a história é manipulada ao bel prazer de alguns segmentos da sociedade que se beneficiam com isto. Um fato clássico a data da emancipação política de Mossoró, a quem nunca foi dada a devida importância e quando finalmente resolveram oficializar, fizeram com a data errada, numa demonstração clara de total desconhecimento de nossa história. E, apesar de todas as evidências apresentadas para mostrar o erro, apesar de a data correta estar inserida na própria bandeira e no selo do município, por motivos políticos, não se consegue corrigir. Quando se fala dos Heróis da Resistência, em alusão à defesa da cidade contra o bando de cangaceiros chefiado por Lampião, fica mais clara ainda a manipulação da nossa história por interesses pessoais. Mas, de maneira geral, o conhecimento histórico é passado às novas gerações", critica.
MUSEU MUNICIPAL: PERDA DE MEMÓRIA
A caminhada partirá do Museu Lauro da Escóssia que, em tese, está "aberto", mas com as peças de exposição guardadas. Para Geraldo Maia, os dez anos de paralisação das atividades do museu representam uma "perda de memória". "É o que primeiro me vem à cabeça quando falamos do Museu Lauro da Escóssia. É um desrespeito até ao patrono, que foi um dos homens que mais lutaram para preservar a história de Mossoró através dos seus livros. O museu dispõe de um acervo riquíssimo que, há mais de dez anos, vem sendo negado à sociedade", destaca o pesquisador.
Ele destaca que podemos, através do espetáculo Auto da Liberdade, conhecer os principais fatos históricos ocorridos no município. Mas, quando se fala na Abolição dos Escravos, não se diz que o estandarte da instituição que promoveu essa libertação e que foi confeccionado em 1883, encontra-se no museu. "Quando se fala do primeiro voto feminino e na figura de Celina Guimarães, não se diz que o despacho do juiz concedendo a Celina o direito de voto se encontra no museu municipal, embora esteja em estado lamentável de conservação; ou seja, de maneira geral, não se fala do acervo do museu, talvez para não incentivar a cobrança pela reabertura do lugar. Torcemos para que esta questão tenha chegado ao fim, já que a prefeitura está prometendo que a reforma sai este ano", frisa.
Quando interrogado sobre o que poderia ser feito pelo poder municipal a fim de manter viva a história local ou se existe algum projeto, por exemplo, de tombamento e identificação de lugares históricos, o pesquisador declara que desconhece qualquer iniciativa ou projeto de tombamento. Ele se declara, porém, otimista com a atitude da prefeitura no sentido de identificar, nos novos espaços públicos, a biografia dos patronos, como fez com a Praça do Codó e com a Escola de Artes. "E também com a atitude da Câmara Municipal de promover esta caminhada histórica, além do espaço artístico criado no prédio da própria Câmara", diz.
Geraldo Maia, além de se dedicar a causas sociais, trabalha numa espécie de guia histórico e turístico do município, que pretende lançar em dois idiomas: português e inglês. "Estamos tratando da tradução, já que há uma cobrança neste sentido por parte de turistas estrangeiros que visitam a cidade", explica, reforçando acerca da necessidade de preservação dos monumentos, para que as novas gerações possam, através deles, conhecer a sua história.
ESPECULAÇÃO
IMOBILIÁRIA
A Caminhada Histórica poderia ser mais rica se não fosse a especulação imobiliária local, que já demoliu alguns importantes edifícios na cidade. Geraldo Maia cita, por exemplo, as casas onde moraram os abolicionistas, algumas que ficavam na Rua 30 de Setembro e que faziam parte do Corredor Cultural já não existem mais. "Foram todas demolidas. O município conta com uma política de tombamento de prédios históricos, mas ela não é adequada. Imagine você herdar de algum parente um destes casarões, e todos estão localizados em áreas nobres da cidade e, de repente, botarem uma placa na fachada dizendo que o imóvel foi tombado e que você não vai mais poder dispor dele? A menos que o poder público o indenize, você vai aceitar a primeira proposta que aparecer para não perder este bem. Por outro lado, a prefeitura também não vai poder adquirir todos os imóveis antigos da cidade, até porque não basta ser antigo para ser monumento histórico. Tem que ter uma história ligada a ele. Um bom exemplo de conscientização em relação à história é a do casarão da família do industrial Dix-neft Rosado, que, mesmo tendo a casa praticamente destruída por um incêndio, fez questão de reconstruí-la, mantendo os traços originais. Este imóvel é citado na história de Mossoró como o "Catetinho", em alusão ao Palácio do Catete, por ter sido nele que o Presidente Getúlio Vargas se hospedou em uma das vindas a Mossoró", explica.
ITINERÁRIO
Além do Museu Lauro da Escóssia e da Estação das Artes Elizeu Ventania, compõem o percurso da caminhada a Loja Maçônica 24 de Junho, a Praça da Redenção Dorian Jorge Freire, a Estátua da Liberdade, o Prédio da União Caixeiral, a Praça Vigário Antonio Joaquim, o Monumento ao Governador Dix-sept Rosado, a Catedral de Santa Luzia, o Largo Monsenhor Huberto Bruening, a atual sede da Câmara Municipal de Mossoró, a Praça Rodolfo Fernandes, a Praça do Codó, a Igreja de São Vicente, o Palácio da Resistência, o Memorial da Resistência e o Teatro Dix-huit Rosado.
Para participar, os interessados podem fazer suas inscrições no Supermercado Cidade Alternativo, na semana que antecede o evento. A organização solicita a doação de 2 kg de alimento não perecível, que serão doados aos projetos da irmã Ellen, à Associação de Apoio aos Pacientes com Câncer de Mossoró e Região (AAPCMR) e ao Abrigo Amantino Câmara.
De acordo com o pesquisador Geraldo Maia, responsável pela pesquisa histórica dos lugares que serão visitados, a ideia de fazer uma caminhada foi do presidente da Câmara Municipal de Mossoró, vereador Francisco José Júnior, baseando-se em eventos semelhantes que se realizam em vários municípios brasileiros, inclusive em Natal, onde a caminhada já acontece há cinco anos. "Foi o próprio Francisco José que me telefonou, acho que no fim do ano passado, explicando o projeto e me pedindo para traçar um roteiro e descrever os monumentos que encontraríamos neste percurso e assim fiz. Soube depois, pelo próprio Francisco José, que o roteiro tinha sido enviado para a empresa em Natal, responsável pela organização dos passeios de lá. Já este ano, acho que no início de abril, recebi outro telefonema de Francisco José me pedindo para incluir outros pontos como a Câmara Municipal e a Prefeitura de Mossoró, que não tinham sido incluídos no primeiro momento. Essa foi, portanto, minha participação", diz.
Ele acrescenta que o mapeamento se deu dentro de um roteiro lógico. "Por se tratar de uma caminhada, ele não podia ser muito longo. Tivemos que adequar o roteiro de modo a contemplar o maior número de monumentos num curto trecho que não ultrapassasse 2 km", explica.
Alguns prédios que farão parte do roteiro são novos e, para o pesquisador, a caminhada também é uma forma de demarcar estas edificações importantes para o cenário cultural. "O Teatro Dix-huit Rosado e o Memorial da Resistência estão entre esses prédios novos do roteiro. E estes espaços se tornaram referência no cenário cultural do município", salienta, ressaltando que o conhecimento da história - em todos os tempos - é fundamental para a formação da cidadania. "É através do conhecimento histórico que podemos entender quais foram os caminhos percorridos para se chegar ao que somos hoje. Sabemos, porém, que, em alguns casos, a história é manipulada ao bel prazer de alguns segmentos da sociedade que se beneficiam com isto. Um fato clássico a data da emancipação política de Mossoró, a quem nunca foi dada a devida importância e quando finalmente resolveram oficializar, fizeram com a data errada, numa demonstração clara de total desconhecimento de nossa história. E, apesar de todas as evidências apresentadas para mostrar o erro, apesar de a data correta estar inserida na própria bandeira e no selo do município, por motivos políticos, não se consegue corrigir. Quando se fala dos Heróis da Resistência, em alusão à defesa da cidade contra o bando de cangaceiros chefiado por Lampião, fica mais clara ainda a manipulação da nossa história por interesses pessoais. Mas, de maneira geral, o conhecimento histórico é passado às novas gerações", critica.
MUSEU MUNICIPAL: PERDA DE MEMÓRIA
A caminhada partirá do Museu Lauro da Escóssia que, em tese, está "aberto", mas com as peças de exposição guardadas. Para Geraldo Maia, os dez anos de paralisação das atividades do museu representam uma "perda de memória". "É o que primeiro me vem à cabeça quando falamos do Museu Lauro da Escóssia. É um desrespeito até ao patrono, que foi um dos homens que mais lutaram para preservar a história de Mossoró através dos seus livros. O museu dispõe de um acervo riquíssimo que, há mais de dez anos, vem sendo negado à sociedade", destaca o pesquisador.
Ele destaca que podemos, através do espetáculo Auto da Liberdade, conhecer os principais fatos históricos ocorridos no município. Mas, quando se fala na Abolição dos Escravos, não se diz que o estandarte da instituição que promoveu essa libertação e que foi confeccionado em 1883, encontra-se no museu. "Quando se fala do primeiro voto feminino e na figura de Celina Guimarães, não se diz que o despacho do juiz concedendo a Celina o direito de voto se encontra no museu municipal, embora esteja em estado lamentável de conservação; ou seja, de maneira geral, não se fala do acervo do museu, talvez para não incentivar a cobrança pela reabertura do lugar. Torcemos para que esta questão tenha chegado ao fim, já que a prefeitura está prometendo que a reforma sai este ano", frisa.
Quando interrogado sobre o que poderia ser feito pelo poder municipal a fim de manter viva a história local ou se existe algum projeto, por exemplo, de tombamento e identificação de lugares históricos, o pesquisador declara que desconhece qualquer iniciativa ou projeto de tombamento. Ele se declara, porém, otimista com a atitude da prefeitura no sentido de identificar, nos novos espaços públicos, a biografia dos patronos, como fez com a Praça do Codó e com a Escola de Artes. "E também com a atitude da Câmara Municipal de promover esta caminhada histórica, além do espaço artístico criado no prédio da própria Câmara", diz.
Geraldo Maia, além de se dedicar a causas sociais, trabalha numa espécie de guia histórico e turístico do município, que pretende lançar em dois idiomas: português e inglês. "Estamos tratando da tradução, já que há uma cobrança neste sentido por parte de turistas estrangeiros que visitam a cidade", explica, reforçando acerca da necessidade de preservação dos monumentos, para que as novas gerações possam, através deles, conhecer a sua história.
ESPECULAÇÃO
IMOBILIÁRIA
A Caminhada Histórica poderia ser mais rica se não fosse a especulação imobiliária local, que já demoliu alguns importantes edifícios na cidade. Geraldo Maia cita, por exemplo, as casas onde moraram os abolicionistas, algumas que ficavam na Rua 30 de Setembro e que faziam parte do Corredor Cultural já não existem mais. "Foram todas demolidas. O município conta com uma política de tombamento de prédios históricos, mas ela não é adequada. Imagine você herdar de algum parente um destes casarões, e todos estão localizados em áreas nobres da cidade e, de repente, botarem uma placa na fachada dizendo que o imóvel foi tombado e que você não vai mais poder dispor dele? A menos que o poder público o indenize, você vai aceitar a primeira proposta que aparecer para não perder este bem. Por outro lado, a prefeitura também não vai poder adquirir todos os imóveis antigos da cidade, até porque não basta ser antigo para ser monumento histórico. Tem que ter uma história ligada a ele. Um bom exemplo de conscientização em relação à história é a do casarão da família do industrial Dix-neft Rosado, que, mesmo tendo a casa praticamente destruída por um incêndio, fez questão de reconstruí-la, mantendo os traços originais. Este imóvel é citado na história de Mossoró como o "Catetinho", em alusão ao Palácio do Catete, por ter sido nele que o Presidente Getúlio Vargas se hospedou em uma das vindas a Mossoró", explica.
ITINERÁRIO
Além do Museu Lauro da Escóssia e da Estação das Artes Elizeu Ventania, compõem o percurso da caminhada a Loja Maçônica 24 de Junho, a Praça da Redenção Dorian Jorge Freire, a Estátua da Liberdade, o Prédio da União Caixeiral, a Praça Vigário Antonio Joaquim, o Monumento ao Governador Dix-sept Rosado, a Catedral de Santa Luzia, o Largo Monsenhor Huberto Bruening, a atual sede da Câmara Municipal de Mossoró, a Praça Rodolfo Fernandes, a Praça do Codó, a Igreja de São Vicente, o Palácio da Resistência, o Memorial da Resistência e o Teatro Dix-huit Rosado.
Para participar, os interessados podem fazer suas inscrições no Supermercado Cidade Alternativo, na semana que antecede o evento. A organização solicita a doação de 2 kg de alimento não perecível, que serão doados aos projetos da irmã Ellen, à Associação de Apoio aos Pacientes com Câncer de Mossoró e Região (AAPCMR) e ao Abrigo Amantino Câmara.
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