quinta-feira, 8 de março de 2012

Mulheres alcançam conquistas e abandonam estigma



SEXO FRÁGIL Mãe, esposa, profissional competente, amiga, companheira e atuante, são algumas das características que destacam a mulher moderna


A data de hoje marca o Dia Internacional da Mulher, ocasião em que se lembram as conquistas e desafios do gênero que, em decorrência das lutas travadas, há muito abandonou o estigma de 'sexo frágil'. 
Mãe, esposa, dona de casa, profissional e amiga. As características que definem Francisca das Chagas são comuns a boa parte das mulheres do século XXI que, donas de personalidades fortes, estão, cada vez mais, mudando a sua realidade e a realidade de quem está a sua volta. As conquistas alcançadas escondem a dor e os desafios da caminhada, mas revelam a disposição na busca pela igualdade. 
Aos 48 anos, Francisca das Chagas Castro é coordenadora do Grupo Mulheres em Ação, uma organização feminista com atuação desde 1994 que trabalha na mobilização e organização de mulheres no bairro Nova Vida e na cidade de Mossoró como um todo. Ela também coordena o Programa de Desenvolvimento de Área (PDA).
A atuação frente ao grupo é fruto de uma caminhada iniciada em 1997. Mas as batalhas em sua vida começaram antes mesmo disso. 
Francisca concluiu o magistério em 1989, na época, grávida do primeiro filho. Com as obrigações domésticas e a maternidade, se dedicou a criação desse filho e de uma filha que, infelizmente, faleceu aos seis anos de idade. Com o tempo, tentou ingressar em uma faculdade. Fez dois vestibulares, mas não passou, por dois anos ficou sem se submeter ao processo seletivo. "Meu sonho sempre foi estudar. Sempre tive vontade de estudar, de fazer uma faculdade". 
O movimento do qual faz parte só reforçou esse desejo. Em 2003, ela foi aprovada para ingresso no curso de Pedagogia, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Concluiu a graduação em 2007, aos 43 anos. Logo em seguida, se especializou em Gestão Educacional, pela FIP. "Foi muito difícil conciliar casa, filho, marido, trabalho e faculdade", lembra. 
Na época em que era graduanda, ministrava aulas em uma escola do Lar da Criança Pobre durante o dia e era voluntária no Mulheres em Ação à tarde. No intervalo, cuidava da casa e da família e à noite estudava. No período, ganhava apenas um salário mínimo. 
O marido de Francisca nunca a impediu de fazer nada, mas sempre seguiu um caminho diferente do seu. Hoje, Francisca ganha mais do que ele e isso já foi motivo de discórdia. O esposo, atualmente, está acostumado com a ideia, mas, no início, não se conformava em ver a mulher colocando mais dinheiro em casa do que ele. 
O filho é quem mais a incentiva. "Ele sempre me deu apoio, sempre", comenta. Como mãe, apesar da ótima relação com o filho, ela não se sente realizada, pois o desejo de ter uma filha foi interrompido. "Com ele eu sou realiza, mas não sou completamente, porque perdi minha filha", conta.
"Para mim, hoje não me sinto realizada", diz ela, que ainda tem planos para colocar em prática e que aponta como maior conquista a conclusão de um curso superior.
"Os desafios são grandes, porque a sociedade capitalista em que nós vivemos impõe o que devemos vestir, como devemos agir", aponta Francisca. "Dizer para as mulheres que não desistam de suas lutas, não desistam de seus sonhos", aconselha. 

MOBILIZAÇÃO — Hoje, a partir das 15h, diversas mulheres se reúnem em frente ao Seminário Santa Teresinha, sob a coordenação do Centro Feminista 8 de Março (CF8). De lá, o grupo, dividido em quatro alas com temáticas diferenciadas ligadas ao gênero, sai em passeata pelas ruas de Mossoró em direção à Praça Rodolfo Fernandes, onde encerram a mobilização, conforme informou Francisca das Chagas Castro, coordenadora do Grupo Mulheres em Ação, que participará do ato público. 
O grupo Mulheres em Ação possui 27 associadas, todas pertencentes ao bairro onde a sede está localizada, o Nova Vida. Janânia de Lima componente da entidade, conta que a associação surgiu a partir da necessidade das mulheres de trabalharem a questão do gênero e de saúde da mulher. No início, a única função desempenhada pela maioria era a de dona de casa, que, como elas bem lembram, já inclui inúmeras tarefas. A partir das discussões, foi se verificando a necessidade dessas mulheres de possuírem uma atividade que lhes proporcionasse uma renda financeira e de inserção no mercado de trabalho. 
Foi aí que se deu a formação da Cooperativa de Mulheres Prestadoras de Serviço (COOPRMUPS), que atua em três segmentos: alimentação, artesanato e limpeza.
Mulheres em Ação também auxilia mulheres vítimas de violência da comunidade que costumam procurar o grupo nesses casos. Elas recebem orientação e são encaminhadas aos órgãos competentes.

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