Em 2012, Khrystal trocou os tradicionais shows de carnaval que costumava fazer por um repertório exclusivo de samba. Nele, a intérprete canta o Brasil.
Khrystal está preparada para a guerra. A diferença, agora, é que no lugar do fuzil ela bate um pandeiro. Em vez do canhão, a percussão é que manda bala. A baioneta dá lugar ao bandolim e o pipoco do treme-terra deixa qualquer bombinha com cara de traque. Pergunte à nêga o que danado é o samba e ouça na bucha: ‘O samba é canção de guerra’.
Pague para ver. A partir da próxima sexta-feira, e em todas as sextas seguintes até o carnaval, essa guerra toda descamba no Espaço Cultural Dosol, ali na Ribeira, aquele charmoso bairro velho de Guerra.
Com o show ‘Do Jeito Que A Vida Quer’, marcado pontualmente para começar sempre à meia-noite depois da discotecagem exclusivamente brasileira do projeto Barulhinho Bom, Khrystal reverencia o samba. E com o samba, toda a influência brasileira dessa intérprete potiguar elogiada por críticos tarimbados do naipe de Sérgio Cabral e Tarik de Souza estará no espetáculo.
Em 2012, Khrystal trocou os tradicionais shows de carnaval que costumava fazer por um repertório exclusivo de samba. Nele, a intérprete canta o Brasil. Pague pra ver e ouvir. O ingresso é apenas 10 pratas.
Abaixo, um papo reto sobre o show. Khrystal está preparada para a guerra, a guerra do Brasil. E ai de quem estiver na linha de tiro.
Você lembra qual foi a primeira vez que teve contato com o samba?
Foi em casa,quando criança. Meu pai toca violão lindamente e canta assustadoramente. Dorival Caimmy, Adoniran Barbosa, Raimundo Olavo (potiguar)… tudo isso e muito mais rolava na minha casa. Minha família é muito ligada à música e a relação deles com ela é que desembocou na minha. O samba está nisso, completamente.
Qual foi o samba que escutou pela primeira vez, consegue lembrar?
O samba que ouvi pela primeira vez foi “Saudade da Bahia” de Caimmy, com Saraiva, meu Pai.
O samba te inspira ou qualquer música te inspira? O fato de ser brasileira e o samba ser uma cria brasileira com todas aquelas influências que temos da África mexe com você de alguma forma?
Mexe. Mas qualquer música me inspira. Só precisa ser boa. Acredito que todo cantor(a) brasileiro tem sua hora com o samba. Se não começa por ele, uma hora chega, sabe? De alguma maneira, isso se dá. Falando de mim, sou rítmica e intuitiva, não tem jeito. E o samba atende essa minha pré-disposição,como o côco atende… enfim, essas coisas que vem do negro, muito apimentadas, sempre tiram boas coisas de mim, no palco, sabe?
É a segunda vez que você prepara um show apenas com sambas, certo? Qual é a diferença daquele show com o Canteiros e este agora?
É a segunda vez, sim. A diferença do primeiro show pra esse, fundamentalmente é a formação da banda. Com o canteiro, a formacão era algo mais puxado para o clássico, com uma meia-lua de músicos, tinha violão, sete cordas e os instrumentos tradicionais, todos. Experiência linda! E o repertório. Algumas poucas coisas eu trouxe do outro pra esse.
‘Do jeito que a vida quer’ é um verso do Benito de Paula. Ele faz um tipo de samba que você gosta ou o nome do show tem a ver mais com a força da frase? O que a frase diz pra você?
Esse samba de Benito me traz uma memória de crianca que eu adoro,na casa minha Vó,em Lagoa Seca. Uma tia minha, tinha uma vitrolinha laranja, uma graça, que só tocava Benito di Paula. O tipo de Samba que ele faz tem um poder de comunicação que eu gosto. Mas confesso que o que toca no meu som é mais ligado a mistura, sabe? Gosto de ouvir artistas que trabalham a partir dele e não só dele =). Do jeito que a vida quer é uma frase leve, pedindo talvez para que não levemos tudo isso (a vida) tão a sério assim… rs
Que compositores você escolheu para fazer esse show?
Sempre escolho primeiro a canção, depois vejo de quem é…rs Quando Perú (Carlos Peru, cuíca e pesquisador do repertório do show) me entregou o disco para a pesquisa desse show, ele me recomendou: ‘Ouça como quem tá experimentando óculos… rapidinho, separe os melhores modelos’, e foi exatamente o que fiz. Quando vi aquele bolo de canções agrupadas é que fui me aperceber dos autores. No menu, temos Tom Zé, Elton Medeiros, Paulinho da Viola, João Nogueira, Gonzaguinha, Moraes Moreira, Martinho da Vila e mais um tanto. Nada mal,né? kkkk
Que sambas, logo de cara, você viu que não poderiam faltar?
Vou te responder isso, baseada na primeira temporada: O canto das Três Raças e Zé do Caroço.
No Coisa de Preto você não gravou só figurão, colocou compositores então desconhecidos do público. No show de samba vai pescar gente que anda fora da mídia também?
Quem?
Basicamente eu mesma hahahahahahahahaha É egraçado por que hoje em dia, as pessoas frequentam shows de música para ouvir o que já conhecem. Parece que perdemos a capacidade de reaprender a ouvir, no sentido de estar aberto a conhecer algo novo.
Coloquei dois ou três sambas meus, mas não entrou “porque é meu” entrou porque tem a ver com o show. Esse show não deixa de ser autoral, porque tem pesquisa e isso sempre deságua em “novidade”. Tem samba de 1950 por exemplo, foi chocante pra mim. Mas tem as horas de cantar junto, sim sim sim!!! /
Você quer passar alguma mensagem, quer dizer alguma coisa ao público com o show?
Olha, sempre que subo no palco e canto, estou discutindo meu País. Entrou um samba-enredo de 1988(Disputa de Poder) que fala de um Brasil que está aqui, agora. E dentro disso, os temas são variados: comportamento, amor, crença, negritude, trabalho… isso tudo é bom de falar,no palco principalmente. Acho engraçado que nada disso é consciente. Quando vou olhar depois, os temas estão lá. Então, vamos nessa. Samba é canção de guerra. Mas a mensagem do show é provocativa sem ser dura.
A Khrystal 2012 vai ser do jeito que a vida quer ou a vida em 2012 será do jeito que a Khrystal quiser?
Opção dois. Se tu deixa, a vida vai indo sozinha. Isso pode ser bom, mas pode não ser. É bom estar atento e pronto. Eu tô nessa.
Porque o carnaval deste ano vai dar samba?
O carnaval passa muito longe da minha carreira. Uma temporada de samba, não.
Preciso de coerência e sei que não sou uma cantora de baile. No mais, é muito elogio aquele tipo de show e nenhum contrato. Passo o meu reveillon em casa, por exemplo. Cadê o show de carnaval? Os elogios? Não é tão bom? Carnaval é só quatro dias mesmo. Meu trabalho é o ano todo e dentro dele é que arrisco tudo.
Pague para ver. A partir da próxima sexta-feira, e em todas as sextas seguintes até o carnaval, essa guerra toda descamba no Espaço Cultural Dosol, ali na Ribeira, aquele charmoso bairro velho de Guerra.
Com o show ‘Do Jeito Que A Vida Quer’, marcado pontualmente para começar sempre à meia-noite depois da discotecagem exclusivamente brasileira do projeto Barulhinho Bom, Khrystal reverencia o samba. E com o samba, toda a influência brasileira dessa intérprete potiguar elogiada por críticos tarimbados do naipe de Sérgio Cabral e Tarik de Souza estará no espetáculo.
Em 2012, Khrystal trocou os tradicionais shows de carnaval que costumava fazer por um repertório exclusivo de samba. Nele, a intérprete canta o Brasil. Pague pra ver e ouvir. O ingresso é apenas 10 pratas.
Abaixo, um papo reto sobre o show. Khrystal está preparada para a guerra, a guerra do Brasil. E ai de quem estiver na linha de tiro.
Você lembra qual foi a primeira vez que teve contato com o samba?
Foi em casa,quando criança. Meu pai toca violão lindamente e canta assustadoramente. Dorival Caimmy, Adoniran Barbosa, Raimundo Olavo (potiguar)… tudo isso e muito mais rolava na minha casa. Minha família é muito ligada à música e a relação deles com ela é que desembocou na minha. O samba está nisso, completamente.
Qual foi o samba que escutou pela primeira vez, consegue lembrar?
O samba que ouvi pela primeira vez foi “Saudade da Bahia” de Caimmy, com Saraiva, meu Pai.
O samba te inspira ou qualquer música te inspira? O fato de ser brasileira e o samba ser uma cria brasileira com todas aquelas influências que temos da África mexe com você de alguma forma?
Mexe. Mas qualquer música me inspira. Só precisa ser boa. Acredito que todo cantor(a) brasileiro tem sua hora com o samba. Se não começa por ele, uma hora chega, sabe? De alguma maneira, isso se dá. Falando de mim, sou rítmica e intuitiva, não tem jeito. E o samba atende essa minha pré-disposição,como o côco atende… enfim, essas coisas que vem do negro, muito apimentadas, sempre tiram boas coisas de mim, no palco, sabe?
É a segunda vez que você prepara um show apenas com sambas, certo? Qual é a diferença daquele show com o Canteiros e este agora?
É a segunda vez, sim. A diferença do primeiro show pra esse, fundamentalmente é a formação da banda. Com o canteiro, a formacão era algo mais puxado para o clássico, com uma meia-lua de músicos, tinha violão, sete cordas e os instrumentos tradicionais, todos. Experiência linda! E o repertório. Algumas poucas coisas eu trouxe do outro pra esse.
‘Do jeito que a vida quer’ é um verso do Benito de Paula. Ele faz um tipo de samba que você gosta ou o nome do show tem a ver mais com a força da frase? O que a frase diz pra você?
Esse samba de Benito me traz uma memória de crianca que eu adoro,na casa minha Vó,em Lagoa Seca. Uma tia minha, tinha uma vitrolinha laranja, uma graça, que só tocava Benito di Paula. O tipo de Samba que ele faz tem um poder de comunicação que eu gosto. Mas confesso que o que toca no meu som é mais ligado a mistura, sabe? Gosto de ouvir artistas que trabalham a partir dele e não só dele =). Do jeito que a vida quer é uma frase leve, pedindo talvez para que não levemos tudo isso (a vida) tão a sério assim… rs
Que compositores você escolheu para fazer esse show?
Sempre escolho primeiro a canção, depois vejo de quem é…rs Quando Perú (Carlos Peru, cuíca e pesquisador do repertório do show) me entregou o disco para a pesquisa desse show, ele me recomendou: ‘Ouça como quem tá experimentando óculos… rapidinho, separe os melhores modelos’, e foi exatamente o que fiz. Quando vi aquele bolo de canções agrupadas é que fui me aperceber dos autores. No menu, temos Tom Zé, Elton Medeiros, Paulinho da Viola, João Nogueira, Gonzaguinha, Moraes Moreira, Martinho da Vila e mais um tanto. Nada mal,né? kkkk
Que sambas, logo de cara, você viu que não poderiam faltar?
Vou te responder isso, baseada na primeira temporada: O canto das Três Raças e Zé do Caroço.
No Coisa de Preto você não gravou só figurão, colocou compositores então desconhecidos do público. No show de samba vai pescar gente que anda fora da mídia também?
Quem?
Basicamente eu mesma hahahahahahahahaha É egraçado por que hoje em dia, as pessoas frequentam shows de música para ouvir o que já conhecem. Parece que perdemos a capacidade de reaprender a ouvir, no sentido de estar aberto a conhecer algo novo.
Coloquei dois ou três sambas meus, mas não entrou “porque é meu” entrou porque tem a ver com o show. Esse show não deixa de ser autoral, porque tem pesquisa e isso sempre deságua em “novidade”. Tem samba de 1950 por exemplo, foi chocante pra mim. Mas tem as horas de cantar junto, sim sim sim!!! /
Você quer passar alguma mensagem, quer dizer alguma coisa ao público com o show?
Olha, sempre que subo no palco e canto, estou discutindo meu País. Entrou um samba-enredo de 1988(Disputa de Poder) que fala de um Brasil que está aqui, agora. E dentro disso, os temas são variados: comportamento, amor, crença, negritude, trabalho… isso tudo é bom de falar,no palco principalmente. Acho engraçado que nada disso é consciente. Quando vou olhar depois, os temas estão lá. Então, vamos nessa. Samba é canção de guerra. Mas a mensagem do show é provocativa sem ser dura.
A Khrystal 2012 vai ser do jeito que a vida quer ou a vida em 2012 será do jeito que a Khrystal quiser?
Opção dois. Se tu deixa, a vida vai indo sozinha. Isso pode ser bom, mas pode não ser. É bom estar atento e pronto. Eu tô nessa.
Porque o carnaval deste ano vai dar samba?
O carnaval passa muito longe da minha carreira. Uma temporada de samba, não.
Preciso de coerência e sei que não sou uma cantora de baile. No mais, é muito elogio aquele tipo de show e nenhum contrato. Passo o meu reveillon em casa, por exemplo. Cadê o show de carnaval? Os elogios? Não é tão bom? Carnaval é só quatro dias mesmo. Meu trabalho é o ano todo e dentro dele é que arrisco tudo.
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