O multi-instrumentista alagoano nunca faz um show igual ao outro. O figurino das apresentações é a roupa do corpo e não há direção formal nem compromisso com repertório
RECIFE, CULTURA
O bruxo da musicalidade Hermeto Pascoal respira música. Fascinado pelos sons da natureza desde pequeno, fazia pífano com o cano da abóbora e tocava para os passarinhos. Experimentou a sanfona de oito baixos aos oito anos e desde então não parou mais. No espetáculo Hermeto Pascoal e grupo, o multi-instrumentista alagoano resgata essa trajetória musical que começa no dia em que nasceu. “Era o dia 22 de junho de 1936, no inverno. A mente não lembra, mas o corpo estava presente e não esquece”, garante.
Místico – gosta de lembrar que seu nome e sobrenome têm sete letras cada um –, abstrato e musicalmente imprevisível, Hermeto nunca faz um show igual ao outro. O figurino é a roupa que cada um estiver vestindo, não há direção formal nem compromisso com repertório. O que poderia ser uma bagunça se traduz num espetáculo de música universal, com performances que dificilmente se repetem em outra apresentação. Cada momento é vivido e tocado de forma única.
“As músicas são definidas na hora, a partir da conexão com a plateia”, explica a cantora Aline Morena, companheira de Hermeto na vida e no palco. O músico alagoano compara o improviso das apresentações a uma feira nordestina. “Você sabe o que vai comprar, mas não sabe por onde começar. Aí você vai passando pelas bancas de frutas, verduras, vendo o que vai levar na hora ou deixar para depois”, disse em entrevista à jornalista Carolina Santos, do Blog Play.
O repertório propositalmente não planejado que dá vida ao show é garantido pelo entrosamento dos músicos. O grupo participou do disco A música livre de Hermeto Pascoal, de 1973, e desde então trabalha em parceria. Itiberê Zwarg, no contrabaixo, Márcio Bahia, na bateria, Fábio Pascoal, na percussão, Vinicius Dorin, nos saxes e flautas, André Marques, no piano, e Aline Morena, na voz e na viola caipira, dividem o palco com o multi-instrumentista. No show, Hermeto toca teclado, chaleira, escaleta, berrante, copo com água, oito baixos e flauta-baixo, entre outros instrumentos e objetos inusitados.
A inspiração para o som pode vir de qualquer lugar. “Tudo muda, tudo me inspira”, divaga o artista. Sobre a conhecida parceria com Miles Davis, que gravou duas músicas suas no álbum Live-Evil, nos anos 1990, Hermeto diz que foi um “papo espiritual”. Com a dificuldade do diálogo, que exigia intérprete, Hermeto e Davis tocaram pelo que viam no olho um do outro. “Era uma conversa de alma”, explica.
Serviço
Hermeto Pascoal e grupo
CAIXA Cultural Recife (Avenida Alfredo Lisboa, 505, Bairro do Recife). De 27 a 29 de março de 2014, quinta e sexta-feira, às 20h, e sábado, às 17h e às 20h
Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada)
Mais informações: 81 3425-1900 | 81 3425-1915
Classificação indicativa: Livre para todos os públicos
Hermeto Pascoal e grupo
CAIXA Cultural Recife (Avenida Alfredo Lisboa, 505, Bairro do Recife). De 27 a 29 de março de 2014, quinta e sexta-feira, às 20h, e sábado, às 17h e às 20h
Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada)
Mais informações: 81 3425-1900 | 81 3425-1915
Classificação indicativa: Livre para todos os públicos
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