- Cena de "A Dama do Estácio", de Eduardo Ades, sobre uma velha prostituta (Fernanda Montenegro) que fica obcecada com a ideia de que vai morrer
Eduardo Ades teve sorte ao fazer "A Dama do Estácio". Novato e sem recursos, ele não só fez seu primeiro filme como conseguiu nomes de peso para atuarem nele: os experientes Fernanda Montenegro, Nelson Xavier e Joel Barcellos. O filme será exibido no Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo nessa segunda-feira (27) e na terça-feira (28).
A inspiração para o trabalho veio da música "O X do Problema", de Noel Rosa. "Ao ouvir a gravação de Aracy de Almeida me veio a imagem da 'Falecida' [filme de 1965 de Leon Hirszman baseado em peça de Nelson Rodrigues]. Queria uma história que juntasse as duas coisas, e a gente acabou criando uma continuação de 'A Falecida'", explica.
Em "A Falecida", a personagem Zulmira é obcecada com a ideia da morte e quer ter um enterro de luxo. Ao saber que tem boa saúde, fica tão triste que acaba contraindo tuberculose e morre. Para satisfazer o último desejo da mulher, o marido de Zulmira pede dinheiro ao homem mais rico do bairro. A personagem é a primeira de Fernanda Montenegro no cinema.
Já em "A Dama do Estácio", a personagem principal é uma prostituta que fica obcecada com a ideia da morte, e entende que precisa ter um caixão para poder morrer em paz.
Fernanda Montenegro
Por se tratar de uma espécie de continuação da história contada por Hirszman, Ades quis convidar Fernanda Montenegro para o papel. Ele conta que tentou contatá-la sem obter sucesso, até que a encontrou por acaso numa mostra de cinema no Instituto Moreira Salles, onde trabalhava na época.
Por se tratar de uma espécie de continuação da história contada por Hirszman, Ades quis convidar Fernanda Montenegro para o papel. Ele conta que tentou contatá-la sem obter sucesso, até que a encontrou por acaso numa mostra de cinema no Instituto Moreira Salles, onde trabalhava na época.
Fernanda leu o roteiro do jovem diretor e aceitou participar do filme mas, por causa de compromissos profissionais, só poderia filmar cerca de um ano e meio depois. Esse foi o tempo exato para Eduardo levantar a verba para o curta.
Eduardo, 30, já trabalhou como produtor e dirigiu um comercial e um documentário para a televisão. Ele revela que foi um "aprendizado" trabalhar com Montenegro: "Ela oferecia diversas possibilidades para o mesmo personagem, isso foi uma grande surpresa, um grande aprendizado". A atriz se emocionou ao "reviver Zulmira 40 anos depois", diz o diretor.
Sua expectativa agora é saber como o público irá reagir ao filme. "Estou curioso com essa exibição, porque o filme dialoga muito com referências culturais brasileiras. Estou ansioso para saber como vai ser." Veja a programação completa do evento no site do festival.
Fonte: UOL
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