segunda-feira, 26 de março de 2012

O Paraíso é uma questão pessoal


“Segundo os filósofos, aquilo em que um homem acredita, acaba sendo a sua realidade. Durante anos eu disse que não era mecânico e não era mecânico. Ao dizer que não sabia sequer distinguir uma ferramenta de outra, fechava-se as portas de um mundo de luz. Tinha de haver alguém para consertar os meus aviões para que eu pudesse voar.
Ai, comprei um louco e velho biplano, com um motor circular e demodê no focinho, e não demorei a descobrir que aquele motor, não ia tolerar um piloto que não soubesse nada sobre a personalidade de um Wright de 175 cavalos, ou algo sobre reparos em estruturas de madeira e tela encerada.
Foi assim que aconteceu a coisa mais estranha de toda a minha vida... mudei de maneira de pensar. Aprendi a mecânica dos aviões.
O que todo o mundo sabia há muito tempo, para mim foi como uma aventura. Por exemplo, um motor aberto e espalhado sobre uma bancada, é apenas uma coleção de peças de formas diferentes, apenas ferro frio. Não obstante, essas mesmas peças, reunidas e montadas numa fria fuselagem, transformam-se num novo ser, numa escultura acabada numa forma de arte digna de qualquer galeria. E, como nenhuma outra escultura na história da arte, o motor e a fuselagem criam vida da mão do piloto e unem a sua vida à dele. Separados, o ferro, a madeira, o pano e os homens estão presos ao solo. Juntos, podem se erguer no céu, explorar lugares onde nenhum de nós já esteve. Foi, para mim, uma surpresa aprender isso, pois sempre julgara que mecânica se resumia a metal partido e pragas em voz baixa”. 
Richard Bach

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