Marco Túlio Pires
A concepção artística ilustra o Kepler-22b, um planeta que está na zona habitável de sua estrela: uma região onde a água líquida, necessária a formação de vida na Terra, poderia existir. Os cientistas ainda não sabem se o planeta é gasoso ou rochoso, mas é possível que ele tenha nuvens em sua atmosfera, como mostra a ilustração (Nasa)
O observatório espacial Kepler descobriu o que pode ser a primeira "OUTRA TERRA". Trata-se do primeiro planeta fora do Sistema Solar avistado na região habitável de uma estrela muito parecida com o Sol, a 600 anos-luz da Terra. A notícia foi divulgada nesta segunda-feira pela equipe que administra o observatório espacial e anunciada no site da Nasa. A equipe também anunciou a descoberta de 1.000 novos candidatos a exoplanetas — como são chamados os planetas fora do Sistema Solar. Se confirmados, praticamente dobraria a contagem atual. Contudo, o mundo que está fazendo os olhos dos astrônomos brilhar é o Kepler-22b, o menor já encontrado bem no meio da zona habitável de uma estrela semelhante ao Sol. O exoplaneta possui 2,4 vezes o raio da Terra e ainda não se sabe se ele é predominantemente gasoso (como Júpiter, Urano e Netuno) ou rochoso, como a Terra. "Porém, é uma descoberta que coloca a humanidade um passo mais perto de encontrar planetas parecidos com o nosso", afirma a Nasa.
A descoberta é importante porque mundos alienígenas encontrados anteriormente tinham órbitas muito parecidas com a de Marte ou Vênus em volta de suas estrelas. Ou seja, eram quentes ou frios demais para sustentarem a vida como se conhece na Terra.
Além disso, a estrela-mãe do Kepler-22b é parecida com o Sol, apesar de ser um levemente menor e mais fria. Isso quer dizer que o astro é estável o suficiente para fornecer energia initerrupta para a formação de vida no exoplaneta, caso ele seja rochoso. Outras estrelas poderiam ser radioativas ou instáveis demais, interrompendo qualquer ciclo vital em processo no Kepler-22b, que demora 290 dias para orbitar sua estrela.
O observatório espacial Kepler, conhecido como 'caçador de exoplanetas', utiliza a técnica de trânsito para descobrir novos planetas. Ela consiste em medir a diminuição de luz emitida por uma estrela quando um objeto passa à frente da dela. "Se essa diminuição ocorrer de maneira cíclica e o objeto bloquear uma quantidade de luz suficiente, quer dizer que há um mundo orbitando aquela estrela", astrônomo brasileiro do Observatório Europeu do Sul, um dos maiores complexos de telescópios do mundo, instalado no Chile.
De acordo com a Nasa, existem outros 48 planetas candidatos na zona habitável de suas estrelas. "O grande crescimento no número de candidatos do tamanho da Terra nos diz que estamos chegando cada vez mais perto dos mundos que Kepler foi feito para encontrar: aqueles que não são apenas do tamanho da Terra, mas potencialmente habitáveis", disse Natalie Batalha, uma das cientistas-chefe da missão.
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