quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Exposição mostra diferentes formas como a velhice humana é tratada pelo mundo



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Senhor_meditando_no_MarrocosAberta ao público desde o último dia 4, na sala Joseph Boulier, no Memorial da Resistência de Mossoró (MRM), a exposição "Dor e prazer nas rugas", composta por 31 fotografias clicadas pela ensaísta Lígia Guerra e pelo repórter fotográfico Fred Veras, proporciona ao visitante um mergulho no universo da velhice humana, através de imagens que retratam as diferentes maneiras como são tratados os idosos na Europa, no norte do continente africano e no Brasil.
Segundo Lígia Guerra, a ideia de expor as fotografias surgiu a partir do trabalho desenvolvido pela ensaísta durante o período em que esteve morando na Espanha, entre 2002 e 2006, época em que escreveu e defendeu sua tese de doutorado cujo tema é a velhice humana. "Eu não sou fotógrafa, sou uma admiradora da fotografia, e por isso, registrei idosos em vários contextos na Europa e no Marrocos. Essa exposição é resultado dessa pesquisa, e tem o objetivo de chamar a atenção da sociedade para o fato de que a velhice interessa a todos os setores, seja a escola, a universidade, e tantos outros", explica a ensaísta.
De acordo com Lígia Guerra, Mossoró possui hoje aproximadamente 24 mil pessoas com idade acima de 60 anos. "Atualmente 9% da população relativa da cidade é idosa, e o que vemos hoje é um quadro de desrespeito, desvalorização com essas pessoas, por isso nós queremos travar uma discussão para debatermos essa questão", destaca, acrescentando: "Como sou ensaísta, convidei o repórter fotográfico Fred Veras para me auxiliar nesse projeto. Na exposição, há 19 fotos minhas, que registram a velhice na Europa e no norte da África, e 11 dele, que retratam o idoso em Mossoró e na região".
Questionada a respeito das principais diferenças visualizadas por ela na maneira como os idosos são tratados nos países em que suas imagens foram registradas e no Brasil, Lígia Guerra é enfática: "Lá eles são mais respeitados, as políticas públicas funcionam melhor. Na Europa existe pobreza, desvalorização, mas não é regra, é exceção, já aqui o idoso é desrespeitado desde a parada de ônibus, onde se estiver sozinho, o motorista sequer para, e o deixa subir", conta.
Apesar das dificuldades enfrentadas por aqueles que alcançam a velhice no Brasil, Lígia Guerra diz que as fotografias de Fred Veras mostram uma peculiaridade: os idosos do país demonstram alegria, e principalmente esperança. "Eles têm muita fé, são imagens que mostram alegria, esperança. Claro que existem aquelas mais impactantes, de maior expressividade, mas os idosos brasileiros são muito esperançosos", enfatiza a ensaísta.
A exposição "Dor e Prazer nas rugas", continua exposta no MRM até o próximo dia 26, com visitação aberta das 17h às 21h, de terça a domingo. "Na abertura, conseguimos reunir cerca de 300 pessoas, e é muito gratificante esse retorno das pessoas, poder associar ciência e arte, além da solidariedade, uma vez que na abertura, sugerimos que os visitantes levassem fraldas geriátricas, uma forma de entrar no tema. Com a exposição, nossa ideia não é negar a velhice, e sim apresentá-la como um estágio da vida, onde devemos vivê-lo de forma plena", esclarece, revelando ainda que em 2012, as fotografias serão expostas em escolas das redes municipal e estadual de ensino de Mossoró.

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