"Comunicação". Esta parece ser a palavra mais adequada para traduzir o atual momento da cantora Marisa Monte, que concedeu na manhã desta quinta-feira (3) sua primeira entrevista coletiva por meio da internet. Lançando seu oitavo álbum, "O que você quer saber de verdade", a cantora festejou a possibilidade de poder atender — ainda que indiretamente, por meio de perguntas recebidas e lidas por seu assessor — a tantos jornalistas simultaneamente (alguns de Portugal).
"É uma maneira muito legal de dar oportunidades iguais para todo mundo. Há muito tempo que sonho com isso. Acho que a internet traz a possibilidade de falar com muito mais gente. Espero que a imprensa possa viver este novo momento junto comigo. Conciliar esses desejos é um esforço. Porque faço música e comunicação, também o que vocês (jornalistas) fazem, exatamente o que é mais afetado pela tecnologia hoje", comentou a cantora, que, em frente a uma câmera, respondeu às perguntas lidas pelo assessor por pouco mais de uma hora.
Assim como Chico Buarque, Marisa também adotou a internet oficialmente como plataforma principal para divulgação do novo CD. Até o momento, todo o relacionamento entre a cantora e a imprensa tem se restringido à página, que traz entrevistas produzidas por sua equipe, vídeos, canções em streaming, fotos e até cifras das novas músicas, e vem desempenhando um importante papel, como ela mesmo destaca.
"Neste primeiro momento, optei por ter meu site como fonte de informação. Acho que é a maneira mais democrática de atender a todos é dar essas condições através da internet", disse a cantora, que não descarta a possibilidade de entrevistas exclusivas, à moda antiga, mais adiante.
"Disco solar"
Com 14 faixas, "O que você quer saber de verdade" reúne canções compostas nos últimos três anos, algumas em colaboração com os velhos parceiros Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown e Dadi (que também produziu o CD), com o ex-Los Hermanos, Rodrigo Amarante (com quem também faz um dueto na canção "O que se quer") e releituras para "Descalço no parque", de Jorge Ben Jor, e "Lencinho querido", tango que foi sucesso na voz de Dalva de Oliveira nos anos 50.
Apesar das mudanças que a tecnologia provocaram na indústria fonográfica, o disco foi pensado ainda para ser lançado no formato de CD, sob o conceito de "álbum". Por enquanto. "Mas nada impede que, no futuro, eu possa lançar uma música ou outra e não tenha que esperar tantos anos para lançar um grupo de canções".
Segundo Marisa, a seleção do repertório reflete o atual momento em que vive, de mais maturidade e reflexão em relação ao tempo, às prioridades e às escolhas. É exatamente aí que a "comunicação" volta a ser o assunto principal.
"Meu trabalho é muito pessoal. Quanto mais pessoal ele for, mais possibilidade ele tem de se comunicar com muita gente", esclarece Marisa, ao mesmo tempo em que discorda dos rótulos "romântico" ou "popular".
"Não pensei em fazer um álbum popular, mas em me comunicar com as pessoas. Porque, se alguma coisa me diz algo, acho que tem a possibilidade de acontecer o mesmo para os outros. Então procuro escolher as canções que se comunicam melhor comigo. Algumas músicas falam de amor, mas não é esse o ponto de ligação (entre as canções). Acho que ele é um disco solar, que busca falar sobre a experiência de aproveitar a vida".
Shows
Para quem pretende ver a cantora nos palcos, Marisa adianta que só deve sair em turnê no próximo ano. Mas ela revela que pode vir a transmitir uma destas apresentações ao vivo pela internet.
"É uma possibilidade bem legal. Numa turnê, nunca poderia estar fisicamente em todos os lugares que gostaria. Então, esta seria uma maneira de dividir aquele momento com mais gente".
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