Representante da Petrobras alerta que Mossoró precisa diversificar matriz econômica
Fatores como a queda de 40% no preço do barril de petróleo fizeram estatal diminuir investimentos no municípioA economia mossoroense é diretamente impactada pela atuação da Petrobras e das empresas que prestam serviço à estatal. Durante anos, o setor gerou milhares de empregos e royalties aos cofres públicos, mas, com a crise vivenciada pela maior empresa brasileira, postos de trabalho são extintos. Esta semana, o gerente regional da Petrobras, César Augusto Miranda, emitiu alerta para a necessidade de Mossoró diversificar sua matriz econômica.
"Não temos números relativos à dinâmica dos empregos no setor petrolífero em Mossoró, mas a cidade deve se preparar a curto, médio e longo prazos para diversificar as fontes de emprego e renda, não se tornar dependente do petróleo. Os gestores têm que ficar atentos ao fato de o petróleo ser um recurso não renovável", disse César Augusto Miranda.
Conforme o gerente, fatores como a queda de 40% no preço do barril de petróleo fez com que a estatal reduzisse investimentos em todo o país, o que afeta Mossoró.
Segundo o diretor de Mossoró e Região do Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro/RN), Pedro Idalino, este ano o sindicato homologou 380 demissões no município. Ele explica, porém, que a quantidade de postos de trabalho fechados é ainda maior devido ao fato de o Sindipetro não ter acesso aos registros de demissões de funcionários com menos de um ano de carteira assinada.
O diretor do Sindipetro lembra ainda que outros sindicatos ligados ao setor petrolífero, como o de trabalhadores da área administrativa e motoristas, também têm registrado grande volume de demissões.
"Estamos vivendo um momento de demissões motivadas pela redução de investimentos do plano de negócios da Petrobras. Com isso, os primeiros afetados são os trabalhadores terceirizados, que devem continuar a perder seus empregos sob o pretexto de cortes de gastos. Tudo isso vai contra o que defende o sindicato", afirma.
PETROBRAS PODE DEIXAR DE ATUAR NO ESTADO
Pedro Idalino informa que, mesmo com a média de produção de petróleo nos estados do Rio Grande do Norte e Ceará se mantendo em torno de 60 mil barris por dia, a Petrobras pode deixar de atuar na região. A saída da estatal se daria através da venda dos chamados "campos maduros", poços de petróleo com produção descendente, a empresas privadas.
"Vigaristas têm afirmado que a Petrobras está deixando de explorar petróleo nos campos maduros porque vem concentrando recursos na exploração e produção na área do pré-sal, o que é falso. Querem passar esses poços para empresas privadas que não vão ter condições de manter os investimentos e empregos", conta.
Economista afirma que Mossoró carece de desenvolvimento no setor industrial
O economista Carlos Escóssia destaca a falta de planejamento e políticas para desenvolvimento de atividade industrial como problemas na economia mossoroense. Ele declara que, a curto prazo, o município deve mobilizar administração municipal, instituições de ensino e diferentes setores em prol de elaboração de plano de dados e perspectivas econômicas.
"Mossoró é uma cidade sem memória. Caso um investidor tenha interesse em atuar na cidade, ele não vai encontrar dados atualizados sobre as potencialidades econômicas, atividades desenvolvidas, Produto Interno Bruto (PIB) nem nada do gênero no site da Prefeitura ou em lugar algum. É preciso planejar investimentos e vender a imagem real da cidade", explica.
Carlos Escóssia aponta como caminho de investimento a médio e longo prazos para o município a exploração do potencial de instalação de polo químico. Ele projeta a integração das cadeias produtivas calcário, abundante no município, e do sal, usado milhares de compostos e processos industriais. Porém, o economista afirma que a indústria mossoroense não passou por grandes mudanças ou expansão nos últimos 20 anos.
"Hoje, o terceiro setor, dos serviços e comércio, é o mais forte em Mossoró, pois a cidade atrai público consumidor de outros municípios. Entretanto, em momentos de demissões pela Petrobras e suas subsidiárias, toda a cadeia é afetada, pois o consumo cai", declara.